quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Trabalhadoras e familiares dos operários de Lear e Donelley

Mulheres, às ruas!

Entrevista de Raquel Lezcano,  http://panyrosas.org.ar/Mujeres-a-las-calles 

As comissões de mulheres tiveram um papel importante no processo de coordenação na Zona Norte da grande Buenos Aires, no Encontro de trabalhadores e trabalhadoras da fábrica de autopeças Lear e da gráfica multinacional Donelley, que ocorreu no dia 16/08.

Como em uma tarde de primavera, entrevistei Mariela Moyano e Mara Torrico da Comissão de Mulheres de Lear. Elas conjuntamente com as trabalhadoras e trabalhadores de Lear e Donelley junto à comissão de mulheres, integrada por familiares dos trabalhadores, organizaram este encontro. O qual foi organizado na entrada principal de Donelley, que fazia só cinco dias que estava funcionando sob gestão operária, frente à emblemática fábrica da Ford e a via de circulação de mercadorias mais importante da Zona Norte, a Panamericana, ramal Escobar, à altura do Km 36,700, tanto para o Estado, como para as patronais, como também para os operários e operárias que lutam.

Elas, como o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras que assistiram, tinham a ideia de levar ao Encontro uma medida concreta para seguir organizando-se pela reincorporação de todos os postos de trabalhao em Lear e começar a transitar o caminho por e para a expropriação e estatização da gráfica Donelley, sob controle operário, como a simbólica Zanon na cidade de Neuquén no sul da Argentina, hoje com o nome de FASINPAT (Fabrica Sin Patron - Fábrica Sem Patrão). Exigindo ao Ministério do Trabalho e ao governo que os trabalhadores são os únicos que podem gerir e colocá-la para funcionar a serviço da comunidade.

Afirmam que a coordenação entre diferentes setores de trabalhadores, sindicatos, agrupações combativas e organizações é o eixo fundamental para ganhar a luta de Lear e Donelley.

Terminando a entrevista, em seus rostos se refletia a alegria do que haviam alcançado até aqui e com a firme decisão de ir pelo resto das demandas sentidas das trabalhadoras e trabalhadores. Suas palavras e seus gestos davam conta disso. Voltaram à fábrica, ao acampamento, mais fortes do que nunca, porque elas têm aprendido e vivido uma experiência inesquecível para o resto de suas vidas, sob a imensa solidariedade das organizações sindicais e agrupações combativas que as têm rodeado de forças para seguir lutando. Prova disso é o encontro de hoje. No transcorrer da entrevista se escuta uma multidão gritando em uma só voz: “Pollo, tua luta é nossa luta!”. [Pollo é um companheiro da gráfica Donelley e militante do PTS que há algumas semanas está internado com graves queimaduras resultantes de um incêndio em sua casa.]

Vão continuar acompanhando todas as lutas em curso porque a união entre os trabalhadores e as trabalhadoras continua em cada fábrica, em cada conflito, em cada luta. Nem o governo, nem a burocracia sindical, nem o aparato repressivo do estado parecem amedontrá-las; ao contrário, possuem uma clara convicção de acompanhar o processo de coordenação que está crescendo na Zona Norte.


Dão força a todas essas mulheres trabalhadoras, estudantes, professoras e operárias de distintas fábricas que estão sendo demitidas ou suspensas, que ainda não se animaram a lutar, a sair às ruas, a tomar em suas mãos a iniciativa da organização, da coordenação e da luta. Golpeando com um só punho é que se alcançam as conquistas da classe operária.

Encontro de Lear e Donelley Mariela Moyano (izquierda) Mara Torrico (centro) Comissão de Mulheres de Lear

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