quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Por um grande movimento pelos direitos da mulher trabalhadora e da juventude



por Andrea D'Atri e Laura Lif




Na Argentina de Cristina Kirchner, a metade das trabalhadoras são precarizadas e não têm o direito de se organizar. Ninguém fala dos milhões de chefes de família, mães solteiras, jovens super exploradas, imigrantes! Por isso, em Nossa Conferência Nacional de Trabalhadores, votamos impulsionar uma campanha pelos direitos da mulher trabalhadora que já conta com inúmeras iniciativas em todo o país.
Na Cidade de Buenos Aires, companheiras do Pan y Rosas, da Juventude do PTS e operárias têxteis se organizaram com o lema “Na indústria têxtil, os direitos das operarias não estão na moda.” Outro dos setores mais precarizados é, sem dúvidas, o serviço doméstico. Por isso, em Neuquen, junto à banca operária da Frente de Esquerda, colaboramos com a Associação de Empregadas Domésticas, apresentando um projeto de lei por seus direitos.

Organizar as mulheres que são a maioria na educação, saúde e serviços!

As mulheres são maioria nas escolas e hospitais, onde nossas companheiras da agrupação Marrón classista e da Corrente Nacional 9 de Abril impulsionam esta campanha pelos direitos da mulher trabalhadora. Em ADEMYS organizamos o curso “Aportes dos estudos de gênero à prática educativa”. Colocamos em pé comissões de mulheres em INDEC, Ministério de Economia, INCAA, Promoção Social da Cidade, IOMA e outras dependências.
Nos setores de serviços, como telefonia e aeronáuticos, também nos organizamos para viajar à Posadas.

Basta de discriminação na indústria!

E ainda que as mulheres sejam minoria no setor industrial, nas fábricas alimentícias há milhares de companheiras que têm trabalhos não qualificados, com altos ritmos de produção que provocam lesões e enfermidades. Por isso, com a comissão interna de Pepsico, lutamos e conquistamos a categorização para as operárias, um grande estímulo para levar esta luta a outras fábricas. Agora, a comissão interna de Kraft apresenta “Kraft discrimina as mulheres”, exigindo categorias, aumento de auxílio-creche e outras reivindicações. No curso de Ciências Sociais da Universidade de Buenos aires – UBA, com a agrupação Bordó da alimentação e trabalhadoras da fábrica Soriano, iniciamos uma campanha denunciando as deploráveis condições de trabalho.
Também nos organizamos na indústria gráfica. Em WorldColor, as mulheres, o setor mais explorado, se prepraram, com o apoio da comissão interna que a lista Bordó dirige, para viajar ao Encontro; como em Donnelley, onde na fabrica são todos homens, mas sua comissão interna fez uma declaração contra os feminicídios, enquanto as mulheres de suas família formaram sua própria comissão e recorreram fábricas vizinhas para organizar a viagem.

Junto às aguerridas mulheres dos engenhos açucareiros!

Estas milhares de trabalhadoras são as que sofrem abuso dos chefes e patrões; as que se organizam nos bairros para buscar suas filhas sequestradas pelas redes de tráfico ou para pedir justiça para seus filhos assassinados pelo gatilho fácil; as que também arcam com as tarefas do lar; e que lutam por terra e moradia para suas famílias, como nos assentamentos do noroeste.
Em Jujuy, acompanhamos a luta da comissão de mulheres do Engenho Esperança. Em Tucuman, impulsionamos a solidariedade ativa com a comissão de mulheres do assentamento do Engenho San Juan, que resistiram aos desalojamentos de Alperovich e às ameaças da patronal e a burocracia açucareira. Foram os trabalhadores rurais de UATRE os que, num debate organizado pelo Pan y Rosas, propuseram juntar dinheiro para que as companheiras pudessem viajar ao Encontro!

Nenhuma morta mais por abortos clandestinos! Dissolução das redes de tráfico! Basta de violência contra as mulheres!

E as mais jovens inflam as dramáticas estatísticas de mortes por abortos clandestino, 6 de cada 10 mulheres que chegam aos hospitais com ferimentos causados por abortos clandestinos têm entre 15 e 18 anos! Mas Cristina que se gaba da “ampliação dos direitos” continua junto aos reacionários hierarcas da igreja se colocando contra a legalização deste direito elementar que teria impedido a morte de mais de 2500 mulheres durante os anos de governo dos Kirchner!
As jovens são sequestradas pelas redes de tráfico e prostituição que operam com completa impunidade em cumplicidade com as forças repressivas, agentes políticos e judiciais. A cada 30 horas uma mulher é assassinada: o último e letal elo de uma vasta cadeia de violências contra as mulheres.
Por isso, em todo o país, nós do Pan y Rosas e da Juventude do PTS, lutamos educação sexual, o acesso aos métodos contraceptivos e direito ao aborto. Exigimos a dissolução das redes de tráfico e das forças repressivas do Estado. Basta de violência contra as mulheres! Essas são também as bandeiras que levamos ao Encontro.

Rumo ao XXVII Encontro Nacional de Mulheres!

Ocultado a maternidade para conseguir um emprego, suportando o assédio sexual, fazendo malabarismo para conciliar os horários de trabalho com as exigências domésticas, sofrendo todas as formas de violência... Assim segue a vida de milhões de mulheres trabalhadoras e jovens na Argentina de Kirchner. Vidas que não são mostrados no Clarín nem em “cadeia nacional”.
Portanto, o PTS, sua juventude e o Pan y e Rosas nos propomos a organizar centenas de trabalhadoras, donas de casa e estudantes em um grande movimento para os direitos das mulheres trabalhadoras e jovens. O primeiro passo é se preparar para ir ao XXVIIº Nacional de Mulheres, nos dias 6, 7 e 8 de Outubro, em Misiones.

Sob o olhar das mulheres

Sem dúvida, a nossa luta pela emancipação feminina não se limita à participação destacada que temos nos encontros, nem tampouco à organização de comissões, agrupações sindicais, estudantis e outras formas de participação política nas quais confluímos com companheiras independentes.
Damos uma grande importância para a elaboração teórica marxista, tendo já publicado várias edições dos nossos livros “Pan y Rosas” e “Lutadoras”, assim como “A mulher, o Estado e Revolução”, da norte-americana Wendy Goldman, junto com centenas de artigos em revistas, jornais e folhetos. Nos últimos meses, organizamos palestras no curso de Psicologia da Universidade de Buenos Aires-UBA, Quilmes e La Plata, além de seminários sobre marxismo e feminismo, com a participação de centenas de estudantes, compartilhando pela primeira vez as aulas universitárias com as mulheres trabalhadoras, na UNLu e na UNSAM do norte do subúrbio, em Jujuy e Tucumán.
Lamentavelmente, a maior parte da esquerda, sustenta “ritualmente” algumas consignas pelos direitos das mulheres conforme a ocasião exige, mas cotidianamente reproduz, sem questionar, o machismo dominante. Outros se adaptam de forma acrítica à modismos teórico-feministas, abandonando o marxismo e a perspectiva revolucionária. No PTS consideramos que uma crítica implacável contra as misérias da vida diária, incluindo o machismo, faz parte de nossa compreensão marxista do mundo, do nosso programa na luta para transformar radicalmente a sociedade capitalista e de nossa prática militante. Porque, como disse Leon Trotsky, "se quisermos realmente transformar a vida, temos que aprender a olhar através dos olhos das mulheres." Todas e todos os militantes do PTS, seguindo as melhores tradições do marxismo, tomamos com esforço, paciência e orgulho as tarefas de elevar a auto-confiança das mulheres trabalhadoras e banir os desvios machistas do movimento operário, que só dividem e enfraquecem a força dos explorados.



Nos vemos em Misiones!
Sob o kirchnerismo, os encontros foram se esvaziando e se tornando cada vez mais rotineiros, pela ação da igreja, do governo e das organizações reformistas, como o PCR, que não querem discutir e votar ações pelo direito ao aborto e pelos direitos das mulheres trabalhadoras. No entanto, apesar destas tentativas de esvaziá-los de participação, os encontros continuam a ser um grande espaço político de debates e  troca de experiências de vida de milhares de mulheres.
Para muitas companheiras que irão com o Pan y Rosas e o PTS, representa uma grande oportunidade de fazer uma “escola política” em grande escala e uma experiência de atividade comum entre militantes e independentes.
Lá, esperamos discutir, nos divertir, trocar experiências, enfrentar juntas as forças reacionárias da igreja, para lutar por nossas ideias, compartilhar atividades culturais, sociais e políticas... E, fundamentalmente, começar a construir um movimento de mulheres de luta, independente de todas as variantes políticas dos patrões, para conquistar todos os nossos direitos.

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