sexta-feira, 11 de março de 2011

Saiu o novo jornal do Pão e Rosas! Neste Dia Internacional das Mulheres: Não adianta uma mulher no poder, precisamos ser milhares nas ruas para arrancar nossos direitos!

Clique aqui para ler o jornal na íntegra. 

Chamamos a todas a se juntar neste 8 de março ao bloco anti-governista e anti-imperialista do grupo de mulheres Pão e Rosas!


Sábado, 12 de março, às 9h na Praça Roosevelt 
(em frente à igreja da Consolação)

Por educação sexual nas escolas para decidir, contraceptivos gratuitos para não abortar, direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito para não morrer!
Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Abaixo o acordo Brasil-Vaticano!
A Igreja não pode decidir sobre nossas vidas e nossos corpos!

Contra qualquer intervenção imperialista no norte da África, no Oriente Médio e na Líbia! Fora Kadafi! Viva a primavera árabe! Sigamos o exemplo das egípcias, tunisianas e líbias!
Fora tropas brasileiras e imperialistas do Haiti!

Abaixo a precarização do trabalho e de nossas vidas!
Educação pública e de qualidade em todos os níveis de ensino!
Por um SUS 100% estatal controlado por trabalhadoras e usuárias!
Passe livres imediato para todos os estudantes, desempregadas e trabalhadoras!
Combater a violência às mulheres!
Nenhuma confiança na justiça e na polícia! Fora a PM das favelas!
Pelo salário mínimo do Dieese!
Por igual salário para igual trabalho! Fim da terceirização com incorporação imediata das/os trabalhadoras/es sem necessidade de concurso público!


Convidamos todas a conhecer e confraternizar com o Pão e Rosas após o ato do Dia Internacional das Mulheres em São Paulo. Na Casa Socialista Karl Marx, Pça. Américo Jacomino, 49 - em frente ao metrô Vila Madalena
Compareça e convide suas amigas, familiares e colegas de trabalho!


Neste Dia Internacional das Mulheres: 
Não adianta uma mulher no poder, precisamos ser milhares nas ruas para arrancar nossos direitos!

O Dia internacional das mulheres de 2011 ocorre no Brasil com a comemoração de vários setores da sociedade pela eleição da primeira mulher presidenta do país, o que gera distintos tipos de ilusões neste governo, colocado por algumas dirigentes feministas e sindicais, como um governo que permitirá o avanço dos direitos das mulheres. Neste momento achamos de maior importância discutir com as mulheres as contradições do governo Dilma e porque uma mulher no poder, governando para e com os capitalistas, não significa necessariamente uma conquista ás mulheres. Mais que uma mullher no poder somos as milhões de terceirizadas que vivem com salários e condições miseráveis, de negras massacradas pela miséria e a violência policial nas favelas, obrigando-as a viver entre a fome e o enterro dos seus filhos, maridos e companheiros assassinados, as milhões de jovens com empregos precarizados ou sem empregos, exploradas pela prostituição formal e informal, resignadas e sem perspectivas, abandonadas sem assistência sexual e de saúde, constituindo um exército de reserva para empregos precarizados ou as drogas e a prostituição.

Hoje na Europa, norte da África e Oriente Médio o povo e a classe trabalhadora se levanta contra as políticas de austeridade (corte de verbas sociais enquanto se garante os lucros capitalistas) e ataques aos direitos da classe trabalhadora em resposta ao endividamento dos estados nacionais para salvar os empresários e banqueiros da crise econômica. No coração do imperialismo, no estado Wisconsin (EUA), professoras junto com estudantes e funcionários públicos, se enfrentam ao governo contra os ataques e pelo direito de organização sindical. Em Oaxaca (sul do México), professora (e)s são reprimidos pela polícia por saírem as ruas contra a precarização da educação e do trabalho, retomando a grande luta de 2006. E no Norte da África o processo revolucionário no Egito e a insurgência do povo e dos trabalhadores na Líbia, Tunísia, Yemen, Bahrein permitem às revolucionárias e às organizações de mulheres, sindicais e estudantis trazerem com força a idéia de revolução. Mais que uma mulher no poder somos as milhões de mulheres árabes, da Líbia e da África do Norte que hoje mostram como podemos lutar por nossos direitos: derrubando governos e lutando contra a pobreza e o desemprego!

É com o espírito de luta e combatividade das mulheres egípcias, líbias, tunísias e de países do mundo árabe que saem às ruas junto com o povo e os trabalhadores para lutarem contra as ditaduras bancadas pelo imperialismo, as condições de misérias, colocando na ordem do dia as demandas das mulheres, que nós do grupo Pão e Rosas chegamos a este 8 de março.

O Brasil da subserviência ao imperialismo, precarização da vida, violência às mulheres e mortes por abortos clandestinos que não aparece no 8 de março nem nas palavras de Dilma

A idéia de um governo promissor de Dilma se dá sobre o discurso de continuidade do governo Lula, que acabou seu mandato com 80% de popularidade e o reconhecimento na política internacional por saber fazer o jogo do imperialismo e cavar seu espaço entre as grandes potências mundiais. Não à toa que Obama disse que Lula era “o cara” e “O presidente mais popular do mundo”. Lula fez direitinho o exercício de casa e com bastante “orgulho” mantém a tropas brasileiras no Haiti chefiando a MINUSTAH que há mais de um ano do terremoto que resultou em milhares de mortes, não garantiu a construção de moradia e saneamento para a população que ficou imersa num surto de cólera e se manteve a repugnante condição de estupros sistemáticos das mulheres haitianas pelas tropas da ONU e a troca de sexo por alimento, além da contenção das revoltas populares e operárias contra o desemprego e a miséria.

Dilma segue na forma o abstencionismo de seu antecessor ao não ter rompido relações com o Estado ditatorial do Egito, Mubarak, governo historicamente apoiado pelos EUA e financiado com um bilhão e meio de dólares pelos ianques! O governo de uma mulher não significa que este estará ao lado da luta do povo e das mulheres do mundo árabe! Ao contrário disso Dilma caminha para continuar contra as mobilizações no mundo árabe quando não denuncia a tentativa de intervenção imperialista na Líbia e conta com seu ministro Patriota fazendo declarações que aceitará intervenções caso a ONU autorize. Todas as mulheres que nos organizamos para lutar por nossos direitos devemos denunciar todo tipo de intervenção imperialista na Líbia assim como nos colocar ao lado da luta pela queda de Kadafi, mais um dos ditadores que historicamente oprimiu e explorou o povo árabe e que nas ultimas décadas também foi um dos amigos dos EUA.

O aumento do número de empregos com carteira assinada no governo Lula se deu em condições de regimes de contratos temporários, terceirizados e precários, ocupados majoritariamente pelas mulheres e a juventude. Para as mulheres, Lula só fez demagogia ao falar sobre o aborto como uma questão de saúde pública, mas assinou o acordo Brasil-Vaticano concedendo mais privilégios para a Igreja católica, enquanto milhares de mulheres morrem por abortos clandestinos e são criminalizadas. A lei Maria da Penha trouxe o debate para a sociedade sobre a violência contra as mulheres, mas é regida pelo mesmo Estado que legitima e reproduz a violência contra as mulheres. Nestes quase 5 anos da existência da lei a realidade das mulheres continua sendo de muita brutalidade com uma mulher violentada a casa dois minutos.

O baixo salário não alcança para garantir os serviços básicos da vida familiar e com o alto preço dos alimentos e das passagens de ônibus que aumentaram por todo o país, obriga as mulheres trabalhadoras a se redobrarem e garantir as tarefas domésticas. Se hoje o número de mulheres chefes de família é um pouco mais de 30%, as mesmas são as que ganham os salários mais rebaixados e continuam vítimas da dupla jornada de trabalho. Por isso exigimos do estado lavanderias, creches, e restaurantes públicos para que as mulheres possam se libertar das tarefas domésticas!

Dilma entra no governo tendo que provar seu potencial, mas não tem a popularidade de Lula e se encontra em um cenário mundial mais instável. Dilma começa a tomar suas medidas e preparar o terreno para quando a crise bater no país muito mais forte, com cortes públicos de 50 bilhões e o mísero aumento de R$ 35 (1,3% de aumento real) no salário mínimo e para os deputados o aumento foi de 62%. A campanha reacionária contra o direito elementar das mulheres que é o aborto e os discursos conservadores em nome da família e da moralidade cristã também são parte da preparação da burguesia para enfrentar a crise, pois reafirmam a opressão às mulheres subjugando-as ao destino da maternidade, refém da dupla jornada de trabalho e da morte decorrente de complicações por abortos clandestinos. Por isso gritamos pelo fim da dupla jornada! Basta de violência e de mulheres mortas por abortos clandestinos!

É sobre essas bases que Dilma diz que seu governo vai acabar com a pobreza e que todas as mulheres poderão ser o que desejarem. Enquanto Dilma aumenta as verbas para o programa social Bolsa Família, o investimento para moradia, saúde e educação vão diminuir. O que realmente aumenta no Brasil de Dilma continua sendo a desigualdade social! Não à toa que o último índice de novos bilionários conta com mais 12 brasileiros todos englobados em cerca de apenas cinco famílias, ligadas a grandes bancos com Itaú, Bradesco e Amil (plano de saúde privado)!

Não somos uma mulher no poder! Somos milhares nas ruas para arrancar nossos direitos!

Enquanto as direções do movimento de mulheres ligado ao governo, como da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), exaltam a chegada da primeira mulher no poder, dizendo que apenas o fato de ter uma mulher na presidência já é um grande passo para a luta dos direitos das mulheres e pela igualdade social, escondem que Dilma foi eleita através de uma campanha reacionária e se rifam de colocarem com tudo na ordem do dia o direito ao aborto para arrancarmos de uma vez, este direito elementar, do estado e do governo que falam em nome da vida, mas que limpam por debaixo do tapete os rios de sangue de milhares de mulheres mortas.

Essa política continua a moldar uma bancada parlamentar também religiosa e conservadora e até então nenhuma de suas ministras, que ocupam cargos de poder, saiu em defesa aberta dos direitos das mulheres e dos homossexuais. Nos últimos dias os setores religiosos saíram mais uma vez em propagar a campanha contra os homossexuais quando se disseram contrários a que casais homossexuais possam declarar juntos o importo de renda, como qualquer outro casal. O governo Dilma e suas ministras mulheres continuarão a fazer duplos discursos permitindo que os setores mais conservadores continuem pisando em nossos direitos? A cota de 30% para mulheres nos cargos ministeriais não significará o avanços para a vida das mulheres, pois o governo de Dilma segue sendo baseado na exploração da classe trabalhadora e na conciliação com a burguesia brasileira e a Igreja! Será que as feministas que apóiam Dilma continuarão caladas sobre essas questões?

Enquanto isso, ouvimos discursos dos governos que as catástrofes ocasionadas pelas enchentes, como na região Serrana do RJ, é culpa das ocupações irregulares nas áreas de risco, milhares de famílias tiveram seus parentes mortos e ficaram desabrigadas. Sem contar no aumento do investimento do governo Dilma para os grandes empresários do turismo, para sediar a Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016, que contará com uma grande rede de exploração do turismo sexual de mulheres e crianças e com a já atual política de desocupação de comunidades e favelas como já vem ocorrendo em cidades como o rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Sejamos a linha de frente no enfrentamento com os governos, o imperialismo e os empresários!

Ao contrário do que dizem, de que a vitória de Dilma é uma conquista para as mulheres no país ou que a chegada ao poder de uma ou meia dúzia de mulheres que mudará nossas vidas, a conquista de nossos direitos será obra das próprias mulheres, como vem dando exemplo às mulheres tunísias, egípcias e líbias e as dos países do mundo árabe. Neste 8 de março nos inspiramos nessas mulheres e também nas operárias russas que se colocaram as ruas para lutar contra miséria e por melhores condições de trabalho dando o ponta-pé inicial da Revolução Russa de 1917, no dia que ficou conhecido como o dia internacional das mulheres. Prova histórica de que as mulheres se colocam na linha na luta de classes. É nesta perspectiva que chegamos a este dia conformando um bloco antigovernista e anti-imperialista no ato unificado, e queremos discutir com cada mulher.

Diferentemente da política que defendem a Marcha Mundial de Mulheres e a CUT, atreladas ao governo Dilma, que fazem aprofundar as ilusões de que ela avançará nas demandas das mulheres e de que as reivindicações por nossos direitos se fazem pela via institucional, impedindo que as mulheres trabalhadoras e jovens se enxerguem enquanto sujeitos políticos e se organizem independente do governo e do Estado. Acreditamos que, ao contrário disso, é preciso que as organizações de mulheres não fiquem mais a reboque da política do governo, este que se mantêm atrelado ao imperialismo. É hora colocar de pé uma ampla campanha pela legalização e descriminalização do aborto e não mais aceitar a caminhada de mãos dadas do governo com os setores conservadores. Devemos unir nossas forçar para mostrar que estamos ao lado do povo e dos trabalhadores da Líbia pela queda de Kadafi e que somos contrárias a qualquer intervenção imperialista na região. Para tomar posição as organizações de mulheres não podem mais esperar o aval de Dilma. Temos que nos inspirar nas revoltas do mundo árabe e massificar uma luta pelos direitos das mulheres e dos homossexuais no marco de uma luta contra a opressão e a exploração. Chamamos a CSP-Conlutas, Intersindical, a direção majoritária do Movimento Mulheres em Luta e da ANEL (PSTU), e também as companheiras do PSOL a unificarem forças nessa campanha fazendo um chamado que permita aos setores antigovernistas terem uma política ofensiva por nossos direitos e assim influir nas organizações de mulheres e sindicais que apoiaram Dilma para que rompam com seu governo e que juntas façamos uma ampla campanha pela legalização e descriminalização do aborto!

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