quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"Estas mulheres são aquelas que limpam todos os prédios da Fundação Santo André mas são impedidas de sentar nas carteiras e estudar"

O outro lado da terceirização... A modalidade de vínculo empregatício terceirizado tem se alastrado pelos mais diversos setores do mercado, e na Fundação Santo André isso não é diferente! Sob o argumento de dinamizar o trabalho em alguns ramos de uma determinada empresa, indústria, universidade... o que se mostra realmente é um brutal golpe contra os trabalhadores. Estes ataques se expressam na falta de estabilidade, baixissimos salários comparados aos funcionários efetivos, maior incidência de assédios morais, divisão da categoria entre efetivos e terceirizados, punições como o não recebimento de cesta-básica por motivo de falta ainda que com atestado médico, impossibilidade de se organizar sindicalmente e questionar os abusos da patronal, o que reflete por exemplo o fato de não existirem leis específicas que garantam os direitos da categoria. Estes são alguns dos cotidianos abusos sofridos pelos trabalhadores terceirizados, que se intensificam ainda mais quando se trata das mulheres, pois bem sabemos que a nós recaem os serviços mais precarizados, como visivelmente podemos observar no setor da limpeza. Estas mulheres são aquelas que embora garantam toda a limpeza dos prédios da FSA (trabalho este sem o qual não seria possível haver todas as atividades acadêmicas que aqui ocorrem), são privadas de sentar nas carteiras e estudar, ou ao menos ter a perspectiva de que seu filho o faça. Com tudo isso se prova o quão mentiroso é o discurso de emancipação feminina através da inserção ao mercado de trabalho, já que a nós ainda é relegado a “natural” função de donas do lar e mães, tendo, após ao expediente, que garantir todas as tarefas de casa sem nenhuma remuneração. O trabalho masculino só se assegura através do naturalizado trabalho doméstico feminino não remunerado!

Neste marco a agrupação de mulheres Pão e Rosas ABC agora conta com uma Casa para discutir suas opressões, pensar em meios para combatê-las, se expressar culturalmente,...enfim, todas as práticas que a nós são barradas pela sociedade capitalista. Casa de Cultura e Política na Rua Príncipe de Gales, 527, Bairro Príncipe de Gales (próximo à FSA)

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