quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Pão e Rosas e o CACH Unicamp chama as entidades estudantis a colocar de pé um amplo e impactante 28 de setembro

Para nós é fundamental que os estudantes tomem para si as bandeiras da mulheres, especialmente as das mulheres pobres e trabalhadoras, que são as que mais sofrem com a clandestinidade do aborto.
Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!, é isso que queremos gritar neste dia 28 em conjunto com os estudantes de nosso país e suas entidades. Segue abaixo o chamado que fazemos, já assinado pelo Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH) da Unicamp:

Chamado às entidades estudantis para construção de uma ampla campanha pela legalização do aborto neste 28 de setembro

Todos os anos 750 mil a 1 milhão de mulheres brasileiras abortam em condições clandestinas. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas 20% destes abortos são realizados por médicos e 50% são feitos pelas próprias mulheres em seus lares em péssimas condições de higiene, pois não têm condições de pagar os valores exorbitantes cobrados pelas clínicas clandestinas. Em alguns estados de nosso país, complicações decorrentes de abortos clandestinos ocupam a 2ª ou 3ª causa de morte materna, sendo que o risco de morte de mulheres negras é 2.5 vezes maior do que o de mulheres brancas. Os dados que envolvem a questão do aborto são claros: o Estado brasileiro condena milhares de mulheres, sobretudo as mulheres negras, pobres e trabalhadoras, à morte e humilhações de todos os tipos à medida que não garante o direito elementar de decidir sobre sua vida e corpo. Por outro lado, esta mesma sociedade, que criminaliza as mulheres que recorrem ao aborto, não faz valer o direito à maternidade. Dos casos de perseguição dos patrões às mulheres para que não engravidem, até omissão médica no atendimento a gestantes e a recém-nascidos, o Brasil tem sido palco de situações cruéis para as mulheres.

Neste contexto, durante o governo Lula, que não governa para as mulheres trabalhadoras e por suas bandeiras, vemos uma ofensiva dos setores antiaborto. Prova disso foi a 3ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, realizada em Brasília no último 30 de agosto e também o 2º Encontro Mundial em Defesa da Vida, que acontecerá em 2010, no Brasil, visto como um país exemplo no combate ao aborto. Estes setores, em conjunto com as igrejas, católica e protestantes, alardeiam uma defesa da vida em abstrato. Escandaloso foi o episódio do arcebispo de Olinda que diante da gravidez de gêmeos de uma criança de 12 anos decorrente de estupros sucessivos de seu padrasto, correndo risco de morte, declarou que o “aborto é um crime pior do que o estupro”. Poderíamos citar inúmeros casos como estes, que denunciam que estar contra o direito ao aborto não é estar a favor da vida, e sim a favor do aborto clandestino! Não podemos defender a vida em abstrato! É preciso, ao contrário, defender a vida concretamente! E defender o direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito e dizer um basta às milhares de mortes por abortos clandestinos!

O movimento estudantil e suas entidades, que desde 2007 têm protagonizado importantes lutas, deve se posicionar ao lado dos setores mais oprimidos e explorados. Nesse sentido, além ser a voz dos trabalhadores no interior da universidade, é fundamental que os estudantes tomem as bandeiras das mulheres para si, se colocando ao lado delas na luta por seus direitos democráticos e contra o machismo, que só poderá ser efetivamente derrotado com a superação do capitalismo.

Por isso, chamamos todas as entidades estudantis – DCEs, Das, CAs e Atléticas – e grupos que atuam nas universidades a construir uma ampla campanha pela legalização do aborto, organizando debates e outras atividades em seus locais de estudo e trabalho, levando os estudantes para as ruas e atos neste 28 de setembro, dia latino-americano e caribenho de luta pelo direito ao aborto!

Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Educação sexual para escolher, anticoncepcionais de qualidade para não engravidar e aborto legal, livre, seguro e gratuito para não morrer!

Assinam:

Centro Acadêmico de Ciências Humanas CACH - Unicamp
Grupo de mulheres Pão e Rosas

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